Há alguns anos
atrás, aqui na Vila Mariana, a vida era tranquila; o dinheiro era curto, mas
vivíamos felizes. Ruas sem asfalto, poucos carros, nada de poluição. Assaltos?
Nem pensar! Um ou outro "bebum" já conhecido do bairro aparecia, a
compra com caderneta na mercearia do Seu João, mas naquele Natal foi diferente.
Meu tio, um advogado renomado, decidiu passar o Natal conosco e ele, como era "abonado", comprou o maior peru que tinha no açougue. Só que como era muito grande, resolveram, então, assar na padaria Sagres.
O alvoroço era grande. Imaginem: família italiana, véspera de Natal, muitos quitutes feitos à mão mesmo, nada de congelado, nem em saquinhos. Tudo bem fresquinho e, depois de horas, lá foram o meu pai e meu tio para a padaria, a pé, buscar o peru (que não era desses congelados).
Enquanto isso, minha mãe e minha tia arrumavam a mesa para a ceia e deixaram um lugar grande reservado para "depositar" o peru. Meu avô tocando sanfona; nós, as crianças, tentando dançar a ”tarantela”. E, de repente, ouvimos as vozes e passos chegando, carregando o peru.
Na hora que foi aberto o pacote, sabe o que tinha? Um peruzinho de aproximadamente meio quilo. Oh! Espanto geral!
Meu tio, possesso, disse que iria processar a padaria. Meu pai, falando que sentiu muito leve o pacote; minha mãe e minha tia quase choraram ao ver aquele "filhote" de peru (instinto materno mesmo). E a sanfona parou de imediato e meu avô, arrastando o português, nada entendeu:
- Vocês não disseram que era um peru "prá mais de metro"?
- Vamos voltar para ver o que aconteceu! - disse meu tio, já subindo pelas paredes.
Quando lá chegaram, tinha um homem reclamando que aquele peru era muito grande e ele, sozinho, tinha comprado o peru só para ele.
Bom, tudo acabou bem e a maior novidade de todas é que meu pai trouxe o homem junto, pois ficou com pena de deixá-lo passar o Natal sozinho. E o "peruzinho" também foi colocado à mesa.
Hoje, não seria possível trazer um desconhecido para cear em nossa casa, mas naquela época era assim: a bondade e solidariedade estavam em todos e em qualquer lugar.
Roseli Tadeu Nabarrete
Meu tio, um advogado renomado, decidiu passar o Natal conosco e ele, como era "abonado", comprou o maior peru que tinha no açougue. Só que como era muito grande, resolveram, então, assar na padaria Sagres.
O alvoroço era grande. Imaginem: família italiana, véspera de Natal, muitos quitutes feitos à mão mesmo, nada de congelado, nem em saquinhos. Tudo bem fresquinho e, depois de horas, lá foram o meu pai e meu tio para a padaria, a pé, buscar o peru (que não era desses congelados).
Enquanto isso, minha mãe e minha tia arrumavam a mesa para a ceia e deixaram um lugar grande reservado para "depositar" o peru. Meu avô tocando sanfona; nós, as crianças, tentando dançar a ”tarantela”. E, de repente, ouvimos as vozes e passos chegando, carregando o peru.
Na hora que foi aberto o pacote, sabe o que tinha? Um peruzinho de aproximadamente meio quilo. Oh! Espanto geral!
Meu tio, possesso, disse que iria processar a padaria. Meu pai, falando que sentiu muito leve o pacote; minha mãe e minha tia quase choraram ao ver aquele "filhote" de peru (instinto materno mesmo). E a sanfona parou de imediato e meu avô, arrastando o português, nada entendeu:
- Vocês não disseram que era um peru "prá mais de metro"?
- Vamos voltar para ver o que aconteceu! - disse meu tio, já subindo pelas paredes.
Quando lá chegaram, tinha um homem reclamando que aquele peru era muito grande e ele, sozinho, tinha comprado o peru só para ele.
Bom, tudo acabou bem e a maior novidade de todas é que meu pai trouxe o homem junto, pois ficou com pena de deixá-lo passar o Natal sozinho. E o "peruzinho" também foi colocado à mesa.
Hoje, não seria possível trazer um desconhecido para cear em nossa casa, mas naquela época era assim: a bondade e solidariedade estavam em todos e em qualquer lugar.
Roseli Tadeu Nabarrete
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