segunda-feira, 5 de novembro de 2012

DR DARCY - MÉDICO E AMIGO


 
 
Quem foi criança e mãe neste pedacinho da Vila Mariana se lembrará, com certeza, do doutor Darcy Pennachin, médico especialista em seres humanos, bem antes da ciência ter repartido nosso corpo em várias partes e especialidades. Naquela época, o médico tinha que conhecer todos os segredos, desde uma leve gripe até uma crise de apendicite ou rim.
O consultório dele ficava na Rua Santa Cruz, bem perto do Conjunto dos Bancários, e não preciso dizer que ele era o terror das crianças e o alívio das mães.
Qualquer sinal diferente, lá íamos correndo para ele, que muitas vezes dizia com voz séria e sempre carinhosa: “Só uma injeção curará”. E aí, era o terror. As crianças já começavam a chorar por antecipação, pois sabiam que descendo a escadaria do consultório logo estava a farmácia do seu Ernesto, ávido por ministrar a fatídica injeção.
Certa vez, enfiei um grão de feijão no nariz, coisa de quem é curiosa, e logo minha mãe percebeu que algo estava errado e eu, com a maior cara de pau, contei o ocorrido.
Minha mãe se desesperou, tentando arrancar o grão a todo o custo, eu, apavorada, já imaginando o grande pé de feijão saindo do meu nariz, ficando marcada para sempre pelos coleguinhas:
- Lá vai a menina do pé de feijão, se arrastando com tantas folhas para a escola e depois minha mãe colhendo os grãos. Imaginei que, com isso, ela não precisaria ir até o Joaquim ou seu João comprar feijão, pois eu própria produziria.
Bem, mas como minha mãe estava apavorada, fomos direto para o consultório do doutor Darcy, que olhou, tentou tirar, mas não saía de jeito algum. Enquanto ele falava com minha mãe do que poderia ocorrer se não saísse, olhei pela janela onde o sol estava batendo forte e aí eu espirrei e, zás!, o grão de feijão saiu voando. Ufa! Que alívio! Nada de injeções ou sofrimentos.
Muitos outros casos caíram nas mãos milagrosas do doutor Darcy, que atendia a todos com carinho e atenção. Não havia convênios médicos, como hoje, quando o médico nem se lembra que lhe atendeu um dia. Distância e descaso é o que vemos hoje.
Esse querido profissional nos deixou em 2002, aos 74 anos de idade, e aqui vai uma homenagem a essa alma tão dedicada e carinhosa.
 
 
Roseli Tadeu Nabarrete, moradora do bairro e paciente do doutor Darcy Pennachin


Nenhum comentário:

Postar um comentário